O ar comprimido, também chamado de gás de processo, é usado em muitas capacidades no setor farmacêutico. Os testes regulares de controle de qualidade desempenham um papel importante na segurança dos seus produtos. O Guia de Boas Práticas do ISPE para gases de processo afirma que o uso de ar comprimido na fabricação de produtos farmacêuticos deve estar livre de contaminantes e ser submetido a manutenção e testes de rotina. Embora não haja limites específicos definidos, o Guia de Boas Práticas da ISPE fornece sugestões, recomendações e diretrizes úteis para o projeto adequado do sistema, controles apropriados e manutenção de rotina dos sistemas de ar comprimido. Métodos de teste analíticos e baseados em risco são recomendados para todos os gases de processo farmacêutico e sistemas de ar comprimido (ISPE, 2011).

Coloque o Guia de Boas Práticas do ISPE em ação

A primeira e mais importante etapa para a implementação do Guia de Boas Práticas é avaliar os riscos associados ao seu sistema e ao seu produto. É importante considerar a função que o ar comprimido desempenha em suas instalações e a interação que o gás de processo tem com o produto. Uma instalação deve empregar controles adequados de umidade, hidrocarbonetos totais, partículas e microorganismos com um plano de manutenção programado regularmente.

Realizar uma avaliação de risco

Ao realizar uma análise de risco para um sistema de ar comprimido farmacêutico, você precisará determinar os possíveis contaminantes, identificar os pontos de amostragem e determinar os parâmetros de processo apropriados para cada ponto de amostragem de controle.

Os riscos sistêmicos podem incluir tubulação, armazenamento, ponto de uso, filtragem e secadores. Todos esses são aspectos críticos que devem ser cuidadosamente identificados e documentados de acordo com o Guia de Boas Práticas do ISPE (2011). Cada instalação terá riscos exclusivos com base na localização, nos fatores ambientais, nos equipamentos, nas operações e na idade do sistema. Cada peça do sistema que entra em contato com o ar comprimido deve ser considerada.

Há várias maneiras de configurar um sistema de ar comprimido, mas a maioria dos sistemas inclui um compressor, mecanismos de filtragem, receptores de ar, secadores e controles. Cada um desses componentes vem com recomendações do fabricante para cuidados e manutenção. Para garantir que os sistemas estejam funcionando adequadamente, siga atentamente essas instruções. O Guia de Boas Práticas do ISPE (2016) afirma que os pontos de amostragem devem ser mantidos regularmente e não devem introduzir um risco de contaminação no sistema. A realização de uma avaliação de risco pode ajudar a levar em conta cada um desses fatores e determinar as classes de pureza apropriadas para o seu ar comprimido.

Avalie o que em seu sistema pode dar errado, o que provavelmente dará errado e as possíveis consequências desses riscos (ISPE, 2011). Parte de uma avaliação de risco eficaz é determinar o que pode ser feito para eliminar esses riscos e proteger o usuário final.

As necessidades variam de acordo com o risco do produto

Ao considerar os riscos específicos do produto, você deve analisar os componentes, os ingredientes e as especificações do seu produto. Dependendo da quantidade e do tipo de contato que o produto tem com o ar comprimido, esses riscos variam. O contato direto aumenta os riscos de contaminação porque o ar está impactando diretamente o produto. O contato indireto significa que classes de pureza mais baixas podem ser aceitáveis.

De acordo com o Guia de Boas Práticas do ISPE (2016), o ar comprimido pode ser usado para secar um produto, pintar um produto com spray, mover um produto ou até mesmo ser incluído como componente ou ingrediente. Analisar a relação do seu produto com o ar comprimido permitirá que sua instalação determine os níveis de classe de pureza adequados.

Igualmente importante é a consideração dos riscos para um produto. De acordo com o US FDA Guidance for Industry Sterile Drug Products Produced by Aseptic Processing – Current Good Manufacturing Practice (2004), “um gás comprimido deve ter a pureza adequada (por exemplo, livre de óleo) e sua qualidade microbiológica e de partículas após a filtragem deve ser igual ou melhor do que a do ar no ambiente em que o gás é introduzido”. Esse padrão da FDA é adotado por muitos no setor farmacêutico, pois equipara os padrões ambientais ou de sala limpa ao ar comprimido. É importante que você entenda as necessidades específicas do produto e os perigos que partículas, água, óleo ou microorganismos representam.

Muitas empresas farmacêuticas também seguem a ISO 8573, que é uma norma internacional que fornece diretrizes e recomendações adicionais. Para obter mais informações sobre as especificações e esclarecimentos da ISO 8573, consulte este artigo.

Teste de qualidade do ar comprimido para detectar contaminantes

A amostragem do ar comprimido não precisa ser um processo difícil. Examine o tipo de gás, as necessidades do produto fabricado, os controles regulatórios em vigor e o risco potencial para o usuário (ISPE, 2011). Reunir todas essas considerações permitirá que você escolha efetivamente o melhor equipamento de teste. Um laboratório terceirizado credenciado pode equipar você com ferramentas simples de amostragem e, em seguida, fornecer uma análise de ar comprimido de forma rápida e eficiente.

Partículas: Dependendo da classe de pureza que a sua instalação está tentando atingir, há alguns métodos diferentes disponíveis para testar as partículas. Para atingir as Classes de Pureza 0, 1 ou 2, você deve usar um contador de partículas a laser. Se você precisar das Classes de Pureza 3-6, a coleta de amostras por filtro será suficiente.

Microorganismos: A melhor maneira de testar a presença de microorganismos em um sistema de ar comprimido é com um amostrador de impactação, como o SAS Pinocchio Super II KX00. O amostrador coleta os microrganismos em uma placa de ágar e a contaminação é analisada por meio da contagem total de placas e da classificação bacteriana.

Vapor de água: As instalações podem testar a contaminação por vapor de água usando tubos de reatores químicos. É importante seguir as recomendações do fabricante ao testar com esse meio, mas, em geral, é uma maneira simples e barata de garantir que o ar comprimido esteja livre de umidade.

Aerossol de óleo: Assim como as partículas, o aerossol de óleo pode ser coletado com uma membrana de cassete de filtro. É importante garantir que o aerossol de óleo não se acumule e se acumule no sistema do compressor.

Vapor de óleo: Semelhante ao vapor de água, o vapor de óleo pode ser testado usando um tubo detector. Os tubos de carvão são os melhores para a amostragem de vapor de óleo.

Crie um plano de prevenção de contaminação

Como mencionado anteriormente, um sistema de ar comprimido deve ser equipado com as medidas preventivas necessárias, incluindo filtros, secadores, coletores e portas de amostragem. A maioria dos sistemas de ar comprimido é projetada, controlada e mantida em um estado seco para evitar o crescimento de microorganismos. Além disso, os compressores isentos de óleo podem permitir que as instalações evitem o acúmulo de óleo em seus sistemas. As conexões, os tubos e a tubulação não devem apresentar risco de contaminação. Recomenda-se que esses tubos sejam escolhidos com cuidado para que não soltem partículas nem estimulem o acúmulo de água ou óleo.

O ideal é que os locais de amostragem sejam após o filtro final, para que todas as partículas, água, óleo e microorganismos tenham sido removidos. Essa amostra será mais representativa do ar que entra em contato com os seus produtos e deverá atender às especificações da sua instalação. O final da linha de distribuição é outro ponto importante para a amostragem. Se a tubulação liberar contaminação em toda a linha, a qualidade do ar poderá ser muito pior no final da linha de distribuição. Todos os pontos críticos de uso também devem ser amostrados para garantir a qualidade adequada do ar, pois eles têm impacto direto na qualidade do produto.

Ocasionalmente, os fabricantes são reprovados em auditorias e testes não por causa da qualidade real do ar, mas por falta de manutenção regular ou materiais ineficazes. Solucione problemas em seu sistema usando este webinar informativo. As análises regulares de ar comprimido ajudarão a fornecer dados históricos e garantirão que seu sistema mantenha um nível satisfatório de qualidade ao longo do tempo.

Monitoramento da qualidade do ar comprimido

De acordo com o Guia de Boas Práticas do ISPE, a determinação dos planos de amostragem e dos cronogramas de monitoramento dependerá de cada instalação individual. Lembre-se de que quanto mais complexo for o sistema de ar comprimido, mais pontos de amostragem serão necessários para o teste de controle de qualidade. O Guia de Boas Práticas do ISPE (2016) recomenda a seguinte filosofia de amostragem:

  • Comissionamento – Esse tipo de amostragem funciona como uma pré-qualificação e é recomendado principalmente para sistemas de geração e distribuição de gás.
  • Qualificação de desempenho inicial – Essa amostragem permite que os fabricantes de produtos farmacêuticos verifiquem se o sistema está limpo, garantindo que não haja contaminantes antes de iniciar a produção.
  • Requalificação – Refere-se à amostragem após a realização de alterações maiores ou menores no sistema. Isso inclui acréscimos ao sistema de tubulação, reparos em válvulas ou alterações no sistema.
  • Monitoramento de rotina – É necessário que o ar comprimido atenda, no mínimo, às classificações ambientais ou de sala limpa da instalação. A frequência dos testes de controle de qualidade geralmente se baseia em uma avaliação de risco individual. Por exemplo, os testes podem ser trimestrais, duas vezes por ano ou antes e depois da manutenção.

O Guia de Boas Práticas do ISPE reconhece que as abordagens de teste de qualidade do ar comprimido podem variar entre as empresas farmacêuticas, mas é fundamental que essas variações existam com base em produtos, sistemas e riscos específicos.

A tabela a seguir é uma indicação útil de quando você deve testar quais contaminantes.

Outro aspecto importante de um plano de qualidade é trabalhar com um laboratório terceirizado e credenciado, como o Trace Analytics. Oferecendo uma variedade de especificações, a Trace pode ajudar a garantir que seu ar esteja livre de contaminantes e seja seguro para uso em seus produtos. Garantir a qualidade do ar do seu processo farmacêutico é simples e eficaz quando você usa o Guia de Boas Práticas da ISPE junto com a avaliação de risco da sua instalação.

 

Referências:

1. Hagopian, Brian, et al. Guia de Boas Práticas: Sampling for Pharmaceutical Water, Steam and Process Gases (Amostragem de água farmacêutica, vapor e gases de processo), ISPE, 2016.

2. Larrabee, Chad e Nicholas Haycocks. Guia de Boas Práticas do ISPE: Process Gases. ISPE, 2011.

3. ISO 8573-2010: http://www.airchecklab.com/resources/standards-specifications/iso-8573-1-2010-compressed-air-specifications/